PERFUME: SENSAÇÕES QUE NOS FAZEM RELEMBRAR

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Capazes de despertar em nossos sentidos as mais variadas emoções, os perfumes são uma parte importante do conjunto de elementos que compõem as primeiras impressões entre os seres humanos, despertando sensações profundas em cada um que o percebe.

Um perfume bem macerado, feito com ingredientes de alto grau de pureza, pode custar alguns milhares de reais. A quantidade de essência diluída no álcool e na água são fatores influenciadores na intensidade e na duração da fragrância, pois definem sua concentração. Eles se dividem em categorias. São elas:

Splash

Uma criação dos tempos atuais, tem menos de 1% de essência em seu volume e duração de menos de 2 horas.

Eau de Cologne

A base perfumada é simplificada e as notas de cabeça são acentuadas, aumentando a sensação de frescor. Sua fórmula concentra de 3 a 5%, ideal para o pós-banho.

Eau de Toilette

Nessa base perfumada, o destaque são as notas frescas, e sua concentração pode variar de 5 a 10%.

Eau de Parfum

Sutil e marcante ao mesmo tempo, sua base perfumada é ligeiramente modificada e sua concentração se situa entre 10 e 15% de óleos essenciais.

Extrato, Perfume ou Parfum

A nobreza em frascos, essa base também é a mais envolvente e a mais rica do mundo das fragrâncias. Concentra as essências (óleos essenciais) em torno de 15% a 20% e álcool 96%. Sua duração na pele fica entre 12 a 20 horas.

Em nossa efêmera existência, o olfato é o que mais nos transcende no tempo. Pelo menos, é o que os cientistas afirmam quando defendem que é o sentido mais aguçado, capaz de nos trazer mais lembranças.

Mais que a visão, o tato, a audição e a gustação. E vai além: o olfato nos reporta até mesmo a lugares do passado, em que lembramos exatamente da cena, com detalhes que podem chegar ao áudio e ao vídeo, além da textura de algo na recordação, como o doce e suave aroma de maçã quando abrimos a lancheira de isopor na hora do recreio da escola, durante a conversa com os coleguinhas de classe, ouvindo o ranger do balanço no parquinho e o vento que balança as folhas do chorão próximo, enquanto refresca nosso cangote de criança, livre dos cabelos presos pelas marias-chiquinhas, feitas pela mamãe antes de sairmos de casa para estudarmos. Uma recordação de amor e cuidado que uma mãe tem com sua filha durante a infância, despertada pela sensação momentânea e nostálgica de bem-estar trazida pela memória de um simples e agradável odor de maçã, capaz de nos arrancar sorrisos ou até lágrimas de alegria.

Abaixo veremos os grupos principais de fragrâncias utilizadas em perfumes, também conhecidos como Famílias Olfativas.

Âmbar

Muitas vezes chamados de “orientais”, fazem parte deste grupo os perfumes com notas suaves e abaunilhados. O âmbar é usado para fixar os perfumes e tornar as fragrâncias mais complexas.

Amadeirados

São notas suaves como sândalo, patchouli, canela, terra, musgo de carvalho, algumas vezes secas, como o cedro e o vetiver, e, na maioria das vezes, com notas cítricas e de lavanda conjuntamente.

Cítricas

São óleos obtidos da casca de frutas, como a bergamota, o limão e a laranja, sendo que neste grupo encontram-se as essências das primeiras Águas de Colônia.

Chipre

Este termo provém do perfume assim batizado por François Coty, em 1917, constituindo um grupo de perfumes baseados principalmente nos acordes do patchouli, da bergamota, da rosa, do musgo de carvalho e do láudano. Divide-se ainda em chipre verde, amadeirado, frutado, floral, animálico e cítrico.

Couro

Trata-se de uma fórmula muito particular por ser um perfume diferente da maioria, apresentando notas secas que tentam reproduzir o odor característico do couro, da madeira queimada e do tabaco.

Filifolhas

Compreendem uma composição de essências entre notas de lavanda, bergamota, gerânio, etc.

Florais

Família de grande importância, pois agrupa perfumes cujo tema principal são as flores; subdividindo-se em bouquet floral, floral verde, floral aldeídico, floral amadeirado, floral frutal, entre outros.

Aquáticos

Quem disse que água não tem cheiro? Tem… quase isso! Na verdade, os aquáticos nos transportam para perto de um ambiente com água, como fontes e cachoeiras, orvalho, chuva, brisa do mar. Para isso, são usadas notas marinhas em sua composição formada por frutas aquosas, melão, melancia, carambola, pepino, que se juntam a flores aquáticas, como lily, muguet e flor de lótus, e por fim se misturam a madeiras aquosas como o ambu.

Ozônicos

Se água pode ser perfumada, por que não o ar? Como transformar o etéreo em concreto? As fragrâncias ozônicas possuem um caráter gelado, metálico, incisivo e representam a limpidez cristalina no ar após uma trovoada, segundos antes da tempestade. O ozônio proporciona um raro momento de frescor, limpeza e surpresa, mesmo sendo reproduzido em laboratório para ser usado na perfumaria.

Para a receita de um perfume, bastam alguns ingredientes, tempo de maceração e local, preferencialmente ao abrigo da luz e do calor, melhor até que seja em geladeira. As essências são uma das partes mais importantes de sua composição. Quanto mais puras, melhor será o resultado.

Mas para que o perfume tenha uma boa fixação na pele, o fixador é outra parte primordial. Se a qualidade do fixador for elevada, o perfume fica na pele, na roupa e nos cabelos por dias. Antigamente, usava-se como fixador a urina de tigre.

Hoje, já temos ótimos fixadores sintéticos, capazes de prolongar o tempo de duração da fragrância. O solvente usado nos perfumes é o álcool etílico hidratado de cereais. Por incrível que pareça, no perfume também vai água, porém, a água destilada , também conhecida como água desmineralizada. Por último, um componente químico atenuante do odor alcoólico, chamado propilenoglicol, de textura oleosa.

O tempo e a temperatura são fatores cruciais para  as fragrâncias. Elas vão se transformando, como se tivessem vida, vão conquistando um espaço em nossa memória com suas nuances, muitas vezes inesquecíveis. Isso ocorre porque as fragrâncias são compostas de notas. Cada uma tem um tempo de evaporação à temperatura ambiente.

Notas de Saída (ou de cabeça)

Por serem as mais voláteis, são as primeiras captadas pelo olfato, responsáveis pela impressão inicial do perfume. Leveza e frescor marcam o perfume através de notas cítricas (ex.: limão, mandarina e laranja) ou herbais (ex.: alecrim, menta, erva-doce, alfazema)Duram poucos minutos na pele.

Notas de Coração (ou corpo)

Evaporam mais lentamente e dão personalidade ao perfume, compondo o corpo da fragrância. São exaladas quando a pele começa a absorver o perfume. Geralmente, fazem parte desse grupo as flores (ex.: rosa, jasmin, gerânio, lírio) e frutas não cítricas (ex.: framboesa, pêssego, maçã). Duram mais tempo na pele.

Notas de Fundo (ou base)

Menos voláteis, fixam intensamente e são as últimas a sumirem. Dão peso e calor ao perfume. Em geral, vêm de madeiras (ex.: cedro e pinho)especiarias(ex.: gengibre, noz-moscada, cardamomo)resinas (ex.: incenso), alimentos (ex.: café, caramelo)  e animais (não mais – pois hoje em dia são reproduzidas sinteticamente – como âmbar e musk). Podem ou não ser adocicadas (ex.: baunilha e canela). Essas notas definem o perfume e se fixam na pele, durando muito mais tempo.

Vale lembrar que o tempo e a intensidade da fixação do perfume na pele variam de acordo com o tipo de pele de cada pessoa. Uma questão importante que será abordada mais adiante. Não percam os próximos artigos!


Autora: Virgínia de Baumont